Resenha Crítica: A menina que não sabia ler

O mundo literário está ficando cada vez mais rico e criativo, concorda? Isso é bom por vários motivos, primeiro, porque é sinal de que as pessoas estão dando mais valor à leitura, e, por conta disso, novos autores estão surgindo e nos abrilhantando com conhecimento e nos remetendo a um mundo completamente imaginário. Segundo, porque tanta concorrência obriga os escritores a serem mais criativos. Alguns não precisam de criatividade, pois já ganharam seu espaço e seus fãs, e por isso, muitas histórias acabam sendo bobinhas e sem muito conteúdo mesmo, mas outros, como John Harding, precisam botar a cabeça para funcionar a fim de ocupar seu espaço entre os grandes escritores. Mas tudo bem, porque quando a mente é brilhante de verdade, o trabalho funciona de uma forma magnífica.

Título em português.
Capa linda e romântica
Quando peguei o livro A Menina Que Não Sabia Ler, mais uma obra discutida no Clube do Livro, desse autor em questão, imaginei, a julgar pela capa, pelo início da história e pela inocência dos personagens, que o enredo seria tão romântico e, de certo modo, infantil, que nem sonhei que ele teria algum efeito no meu psicológico. Mas quer saber? Ele teve, sim, porque de romântico o livro não tem nada, e posso dizer que foi um dos mais surpreendentes e pirados que já li, e por isso, é claro, eu adorei, e até pesadelo tive enquanto lia o desenrolar da história.

Capa com título original em inglês:
Florence & Giles. Muito mais
sugestivo e assustador
Fechem os olhos por um momento e lembrem da pequena Noviça Rebelde, ou, se não é do seu tempo ou você não viu o filme, pense em qualquer menina que você adore, por ser do tipo encantadora que faz você ter o desejo de ser mãe (ou pai) só para tentar ter uma filha exatamente assim. Então, essa poderia ser descrita como sendo a personagem principal desse livro, a Florence, que de tão amável, supriu todas as carências do irmão, Giles, causadas pela ausência dos pais. Ambos moravam com um monte de empregados, em uma casa gigantesca, chamada Blithe, no fim do século XIX. Naquela época, as mulheres tinham o dever sagrado de se tornar boas amas do lar, por isso, e por outro motivo explicado ao longo do livro, o tio das crianças, que era o dono da casa imensa, impediu que Florence estudasse, por isso, ela não sabia ler. Mas de tão sedenta por aprender, ela acabou descobrindo a biblioteca da casa, aprendeu a ler sozinha, e criou estratégias para "devorar" os livros bem escondidinha, para que ninguém nem sonhasse que ela o fazia. Isolada do mundo, especialmente depois que o irmão foi mandado para um internato, Florence descontava todas as suas emoções e preocupações na leitura. E o único contato com o mundo externo que ela podia ter era a amizade com um vizinho, Theo, a quem, mais tarde, Florence acabou se afeiçoando. Devido a alguns problemas que não ficaram muito claros no livro, aliás falta de clareza em algumas partes foi o ponto fraco do autor, Giles, o caçula querido, acabou voltando para casa, o que proporcionou a Florence a conquista de sua amada vida de volta. Mas que também trouxe um desgosto terrível para a possessiva Florence: a contratação de uma tutora particular de tempo integral para Giles. A partir daí, coisas misteriosas começam a acontecer, e a história toma uma proporção totalmente diferente da que se imagina no início.
Outra capa em inglês,
e repito a legenda da imagem acima:
Assustador!

Uma leitura que tira suas ideias de órbita, pois você, com certeza, vai questionar se tudo o que Florence narra, já que é uma descrição em primeira pessoa, é verdade ou se é coisa da cabeça dela, de tanta história que a menina já leu, e que acaba encucando você também. Além disso, um conselho: não leia a história à noite, enquanto você estiver sozinho em casa, pois, sem dúvida, você vai sentir uns arrepios na nunca, tamanho é o suspense. Gostei muito da obra. Só deixou a desejar no quesito clareza, como já falei. E (como posso dizer isso sem contar o final?) decepcionou um pouco no desfecho. Mas vale a leitura, e um dia vou repetir a dose.

Minha Nota: 8,0

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